segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

DAPHNE DU MAURIER, UMA CONTISTA ACTUAL?




Daphne du Maurier, escritora inglesa, que viveu de 1907 a 1989, ficou célebre não só pelos contos como também pelos romances que escreveu. De entre estes últimos, destacarei a sua “Rebeca” (1938), amplamente divulgada entre nós, em parte devido ao filme a que deu origem.
Este relembrar da autora decorre da publicação recente, pela Relógio d’Água, de um livro seu, “Contos”. Contos vários, publicados entre 1971 e 2006 (o conto de 2006 é um conto antigo, só agora descoberto).
Na colectânea a que me refiro, avultam os dois textos, “Não Olhes Agora” e “Caso Limite”, publicados quando a autora tinha mais de 60 anos. São dois textos muito bem urdidos, de uma contenção exemplar, o que permite um crescendo de forte progressão da acção, envolta em mistério e inquietação, que conferem ritmo e “suspense” à narrativa e dão sentido ao desfecho final – quase imprevisto, quase lógico.
Histórias que se inserem na boa tradição inglesa das histórias de mistério e de uma certa alucinação, em que se pretende envolver o leitor, fornecendo-lhe e, simultaneamente, ocultando-lhe pistas indiciadoras do desenrolar da acção. Acção que tem algo de romance de aventuras, em que o insólito e o burlesco constituem elementos estruturantes da narrativa.
Convirá ainda referir que esta colectânea inclui três outros contos, sendo um deles o famoso “Pássaros”, que serviu de inspiração a Hitchcock, para realizar o filme do mesmo nome.
Para terminar, um voto: que estas linhas despertem o interesse pela obra, tão esquecida, de Daphne du Maurier e levem à leitura dos seus escritos, ainda tão jovens, tão frescos.

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