terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

HENNING MANKELL




Desde muito jovem que tornei os livros policiais em companheiros imprescindíveis. Com maior ou menor voracidade, ao sabor do tempo, pelo puro e simples prazer da leitura, volta e meia, lá vêm os policiais.

Li a colecção Vampiro toda. Nas fases furiosas chegava a limpar um livro por dia ou até talvez mais. A Colecção Xis. As obras de Sherlock Holmes. Os romances de Maigret. Os romances negros americanos desde Chandler até Mickey Spilane ou Russ McDonald. O nosso Denis MacShade. E as terríveis escritoras de mistério anglo saxónicas: Agatha Christie, Dorothy L. Sawiers, Ruth Rendell...

Mais tarde apaixonei-me pelo Pepe Carvalho de Montalban e pelo Montalbano de Camilleri, o Mário Conde de Leonardo Padura. Recentemente partilhei com a minha filha Sara o entuiasmo pelo vitoriano inspector Monk de Anne Perry.

Regresso vezes sem conta aos livros de Simenon, de todos o meu mais querido escritor de policiais porque aquele onde está mais presente a humanidade com as suas discretas grandezas e as inesperadas perversidades, com os seus cheiros e os seus vícios, as suas angústias, os seus dias de chuva e de sol, as suas noites de bruma e inquietação, os seus medos, o seu desejo de amor e de consolo.

Maigret, Sam Spade, Poirot, Pepe Carvalho, Monk, Montalbano, Miss Marple, tantos que me têm sido tão próximos.

Não vou discutir se se trata de um género menor ou não. De géneros maiores e menores se faz o caminho por vezes sinuoso de um leitor. Jorge Luís Borges dava um grande relevo à literatura policial. Eu tenho-a como um porto de abrigo a que recorro frequentemente e sempre com satisfação.

Li na Babélia do El País largas referências a um escritor do género. O sueco Henning Mankell. Um sucesso em vários países. Mais me chamou a atenção ao saber que dedica uma parte suignificativa da sua vida a trabalhos de solidariedade e que vive desde 1985 em Maputo onde fundou o grupo de teatro "Teatro Avenida".

Descobri que havia vários livros dele traduzidos em Portugal pela Presença e que tem entre nós alguns leitores indefectíveis.

E pronto. Marcharam três livros de seguida. "Assassino sem rosto", "Os cães de Riga" e "A leoa branca".

Como qualquer bom escritor do género, lê-se de um fôlego. Mankell é um bom oficial deste género literário. O seu detective, Kurt Wallander, vve numa pequena cidade do Sul da Suécia e é um homem solitário que se interroga sobre o futuro do seu país, a gestão política da coisa pública, a forma de tratar dos velhos, os filhos, o amor ou as razões do racismo (que é um dos temas fortes do autor). As suas investigações dão-nos a conhecer um país que nos é distante, as relações diárias entre as pessoas as suas dificuldades, os seus hábitos, a relação com os terríveis invernos...

Uma boa viagem, daquelas que os livros nos proporcionam.Uma viagem que nos faz descentrar-nos, perceber os outros nas suas às vezes estranhas peculiaridades, respirarmos outros cheiros, ourtras distâncias, outras preocupações, outras angústias e alegrias.

Dos três livros, aquele que mais prazer me deu foi "A leoa branca". Uma trama que envolve uma tentativa de assassinato de Nelson Mandela na África do Sul preparada na Suécia por um antigo oficial do KGB em colaboração com a extrema-direita branca sul-africana.

A narrativa balança entre a Suécia e a África do Sul estabelecendo duas linhas narrativas que se cruzam e se potenciam a um ritmo forte e envolvente.

Para os amantes de policiais é obrigatório.

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