domingo, 10 de julho de 2011

UMA IDEIA DA ÍNDIA



Bela colecção, esta dirigida por Carlos Vale Marques. Livros de viagem, alguns de autores mais conhecidos, Robert L. Stevenson, Peter Carey, Saul Bellow, Werner Herzog, por exemplo. Outros de autores que se vão tornando conhecidos e reconhecidos como é o caso de Alexandra Lucas Coelho.

Estes livros são graficamente agradáveis, pensados como objectos que nos apetece ter na mão, tão diferentes das capas que estão na moda e que no geral traduzem uma concepção de grafismo cheio de dourados, resultantes de opções editoriais que, com algumas excepções, são pouco exigentes e produzem livros dirigidos a consumidores apressados e também pouco exigentes.

Os livros desta colecção guardam escritos, opiniões, resumos, apontamentos, resumem ideias, impressões, reflexões, episódios de viagens, cumprem uma das mais importantes funções da literatura: dar-nos a conhecer o outro, o nosso irmão do outro lado do mundo, as suas diferenças e semelhanças, o clima em que se movem, a religião que professam, as suas idiosincrasias que por vezes nos estranham profundamente e que outras tantas vezes nos interrogam e iluminam.

Livros de viagens a kilómetros de distância do conceito básico de fast food que é o turismo de massas. Trazem olhares que mergulham na realidade visitada. Questionam-na. Viram-na do avesso. Relacionam-na com outros relatos, outras ideias e outros olhares.

De uma viagem assim, compartilhada neste caso com a escritora Elsa Morante e o realizador de cinema Pier Paolo Pasolini, resultou este livro do grande romancista Alberto Moravia que procura uma ideia que nos permita entender a Índia. Escrito há 50 anos, Moravia fala-nos de uma Índia que não terá mudado em muito, por um lado, mas que mudou e muito por outro lado.



Impiedoso, Moravia dá-nos sobre a Índia um olhar duro, racional e culto, sem simpatia artificial nem paternalismo. Podemos dizer que o resultado é um conjunto de reflexões e “retratos” que nos envolvem e que nos fazem querer saber mais e mais sobre este país fantástico e tão contraditório.

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