sábado, 7 de setembro de 2013

A NARRATIVA E OS PERSONAGENS



Como se diz por aí, este livro torna-se num vício. Não conseguimos parar de ler. Agarra-nos pelos colarinhos, envolve-nos, não nos deixa sair dali

Trata-se de um livro policial. Um livro de mistério.

Harry Quebert, escritor de 34 anos sem inspiração, vai viver para uma pequena cidade de Nem Hampshire e apaixona-se por uma rapariga de 15 anos. Esse amor faz com que finalmente escreva um livro que se virá a tornar num enorme best seller ao mesmo tempo que a rapariga desaparece para sempre no dia em que ambos tinham combinado fugir dali para sempre e viver o seu improvável amor.

Markus Goldman, um antigo aluno de Quebert que agora tem 77 anos, também ele numa crise de inspiração, vem ter com o mestre e pedir-lhe conselhos Justamente nessa altura descobre-se o corpo da rapariga, Nola, enterrado no jardim de Québert.. É óbvio que foi assassinada e Québert é preso e acusado do crime.

Markus acredita na inocência de Québert e resolve investigar as causas da morte de Nola que se vão revelando cada vez mais complexas e envolvendo muitos dos habitantes da cidade..

Dessa investigação vai nascer um livro, um best-seller elogiado por toda a imprensa e toda crítica.

A investigação leva Markus de surpresa em surpresa, através de um labirinto de revelações que vai fazendo estalar a superfície de uma cidade aparentemente calma, tranquila e banal.

E depois de, pressionado pelo editor e pela força da máquina de fazer êxitos, terminar e publicar o livro e inocentar o seu professor, Markus descobre que ainda não tinha descoberto a “verdadeira verdade”.

O autor estabelece uma teia notável, uma estrutura narrativa quase perfeita, pontuada pelas lições do seu professor sobre o que é ser escritor. E é essa teia que arrasta o leitor de revelação em revelação com uma

Há qualquer coisa neste romance que nos faz lembrar o “Millenium” de Stieg Larsen com a diferença de que aqui tudo se passa dentro de um a pequena comunidade da Costa Leste americana, com os seus pequenos problemas e traumas, os seus segredos escondidos, as suas invejas e solidões

Larsen deu à sua narrativa uma dimensão política e portanto mais vasta do que a deste universo criado por Joel Dicker.

No entanto, quanto a mim, Dicker aposta na narrativa mas descuida a escrita, Quer dizer, falha, ou deixa de lado o desenho das personagens Parecem-me pouco interessantes, pouco complexas, feitas de papel. E torna a história de amor de Québert pela jovem Nola de 15 anos, que está nos bastidores de tudo, numa historieta que não tem a grandeza nem o delírio que se espera de um amor desesperado de um homem de 34 anos por uma rapariguinha de 15.

Mas há que dizer que se trata de um bom entretenimento para quem espera isso mesmo da leitura de um livro.


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