sábado, 7 de março de 2015

OMBELA





"Dizem os mais-velhos
que a chuva nasceu
das lágrimas de Ombela,
uma deusa que estava triste."

Inspirado num conjunto de poemas de Manuel Rui, esta narrativa de Ondjaki situa-nos no campo maravilhoso da mitologia e conta-nos como nasceram as chuvas.

"OMBELA" é um daqueles livros que nos leva a perceber que há uma diferença grande entre literatura infantil e "livros para crianças" ou pedagogia envolta em papel de letras.

"Ombela" fala-nos do início do mundo e fá-lo de forma delicada e doce, situando a narrativa o centro do mais belo uso das palavras como símbolos, instrumentos mágicos para entender o sentido das coisas mais simples e das mais complexas.

Esta é a literatura de que as crianças precisam. E mais, esta é a língua que as crianças conhecem e desejam, a língua da poesia, a língua primeira da humanidade.

O excelente trabalho de ilustração de Rachel Caiano leva-nos a outra questão que é a de destrinçar a ilustração que repete as palavras, que as torna mais pequenas ou mais explícitas e óbvias, e a outra ilustração, que em verdade talvez nem ilustração se devesse chamar, e que constitui um discurso plástico paralelo ao texto e que por vezes se aproxima mais desse texto, outras vezes se afasta mais. E assim, a "ilustração" não ilustra ou repete a palavra mas acrescenta-lhe uma outra dimensão.

"Ombela" é um livro maravilhoso de literatura infantil que por o ser deve ser lido por todos tenham que idade tiverem.

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